terça-feira, 2 de setembro de 2008

Prelúdio: sede e fome.

Por Eliel Moura

Todos se dão conta em algum momento. E isto é a benção maior, a única que não perseguimos. A dádiva de descobrir que Ele ficou pelo caminho. A inegável percepção a cerca dos rumores e ecos do passado, tão fortes e reais que solidificam por tanto tempo à alegoria de Sua presença. Mas já não bate vento.

Seus resquícios algemam a alma e nenhum entorpecente zela a obscuridade sem ao menos dar sinal de que algo esta errado. Quando da mais casual desventura, o ressoar da verdade revela as lacunas sutilmente preenchidas com nada. O nada parece ser tudo: tudo que precisamos para viver, o que mais ambicionamos - nossos anseios revestidos de legitimidade. O tudo não chega a ser nada, continua muito importante, é o passaporte para a felicidade. Os olhares que O fitam ultrapassam Sua pessoa, vasculhando o que a terra prometida pode oferecer. Das tolices que disse, acertou o barbudo ao dizer que isto é Ópio. Antes o vício estivesse Nele, mas não é assim, dependemos da estrutura que O descreve, ou daquilo que através Dele se vislumbra experimentar. Mas aqui esta a Graça, prestes a denunciar a aridez escondia em miragens de Oásis. Os desertos foram mares, não há como ignorar esta idéia, nem tampouco esconder o que tal ambiente evoca: é sede o que sentimos.

Na mente até a razão concorda em buscá-Lo e Lhe devolver Sua poltrona – já que a sala e sua TV tem sido o lugar central das famílias modernas. Da mesma forma, há unanimidade a respeito de tê-Lo de novo, do modo impetuoso como já fora recebido. Porém, onde reencontrá-Lo? Pergunta feliz de ser feita, mas sua composição pesa sobremodo. Nesta altura a trama tende a trazer a agência e a ação ao desertor, como se soluções se originassem nele. Mas afinal, não seria a própria consciência da escassez fruto da intervenção Dele? O absoluto permanece onde esteve, é imutável... E o movimento que nos leva de volta conspira de infindáveis maneiras. Epifania! Subitamente a idéia: e se talvez vasculhássemos os restos de comida? Fria, sem sabor. As migalhas formam a trilha para a farta mesa onde Ele é o próprio banquete. Uma dimensão plenamente satisfatória, não mais um caminho por onde se passa para chegar a algum lugar, mas o ponto final. Estamos famintos.

Deserto sem brisa com comida estragada! Não é o inferno. Quem sabe a porta pro céu, o caminho de volta a Ele...

Um comentário:

Anônimo disse...

Tenho pensado muito e me examinado sobre Ele ser o banquete, o plenamente suficiente, o magnificamente mais atraente, o alvo, a meta, o galardão, o caminho, a verdade, a vida, a comida, a água. Às vezes penso que preciso de conversão, mas diante da enorme sede e fome que sinto, vejo que Ele já começou a obra. Não preciso conquistá-lo, preciso desfrutá-lo. Oro por "Fome Cem" sobre a geração.

Que o Glorioso te abençoe com Sua presença. Será maravilhoso soltar pipa contigo meu amigo!

Robson Wellington